Fernando Pessoa / João Braga
Repertório de João Braga
O esforço é grande, o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei
A alma é divina e a obra é imperfeita
Este padrão sinal ao vento e aos céus
Que da obra ousada, é minha a parte feita
O por fazer é só com Deus
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas quinas, que aqui vês
Que o mar com fim será grego ou romano
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto
Diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar