Letra de Linhares Barbosa
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Letra publicada no jornal “Guitarra de Portugal” de 29 de Março de 1928
Os “c’roa ou graxa”, coitados
Que nas valetas da Baixa
Vivem a rir e a cantar
Trabalham ajoelhados
Fazendo da suja caixa
O seu verdadeiro altar
Boina rota, posta a jeito
Fato de ganga ou caqui
Em bandos, como uma praga
Alegram meia Lisboa
Ó vossência engraxe aqui
Se não ficar bem não paga
Alguns deles, conheci-os
Vadiavam, desprezados
Eram pequenos ladrões
Deixaram de ser vadios
Não roubam mas são roubados
Pois pagam contribuições
Que viver! Que liberdade!
Alguns são tão pequeninos
E têm tanta esperteza
Que a gente sente vontade
De trazer esses bambinos
P’ra os pôr em cima da mesa
Têm orgulho os gaiatos
No seguinte: é que os janotas
Quando lhes dão a engraxar
Os luxuosos sapatos
E as luxuosas botas
Precisam de se curvar
O Estado fá-los pagar
A cruel contribuição
E o que eles ganham com a graxa
A Lei lá lho vai buscar
Pode não chegar p’ra pão
Mas tem de chegar p’ra a taxa
Os ledos engraxadores
Os pobres industriais
Ladinos e desdenhados
Fazem curvar os senhores
Tenho visto generais
Limpando os pés... mas... curvados