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Telhados de Lisboa

Frederico de Brito / Mário Silva
Repertório de Hermínia Silva


São modestos os telhados
Que nasceram para chorar
Ermitões ajoelhados
De mãos postas, a rezar

Um telhado de Lisboa
Mancha rubra que ao sol brilha
Faz lembrar uma canoa
Que tombou, virando a quilha

Telhados vermelhos
Que a lua embeleza
Livros de evangelhos
Onde a chuva reza
Onde o fumo em turbilhões
Vai subindo a tal altura
Que às vezes lembra vulcões
Em miniatura


O telhado duma casa
É visto com tal carinho
Como se fosse uma asa
Estendida sobre o ninho

Os telhados são terreiros
Onde a neve vem poisar
Onde passam nevoeiros
E onde o vento anda a bailar