Versão do repertório de Luís Macieira
Criação de Estêvão Amarante na comédia lírica *Miss Diabo* 1918
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Mãos criminosas
Tristes mãos escorraçadas
Caprichosas, desoladas
Caprichosas, desoladas
Mãos de fome e d’amargor
Mãos de miséria
Que jamais um beijo doce vos buscou
Mãos a quem dou
Mãos de miséria
Que jamais um beijo doce vos buscou
Mãos a quem dou
Toda a minha intensa dor
Mãos friorentas
Pobres mãos espavoridas
Agoirentas, doloridas
Já cansadas de sofrer
Mãos de miséria
Que um fadinho na guitarra soluçais
Mãos que gelais
E que a morte há-de aquecer
Esta letra aproxima-se da poesia convencional, não fossem as referências à Severa
Mãos friorentas
Pobres mãos espavoridas
Agoirentas, doloridas
Já cansadas de sofrer
Mãos de miséria
Que um fadinho na guitarra soluçais
Mãos que gelais
E que a morte há-de aquecer
Esta letra aproxima-se da poesia convencional, não fossem as referências à Severa
e ao «fadinho na guitarra».
Tirando esses ingredientes que a colocam no Fado, é indiscutível a densidade
dramática e a complexidade formal destes versos que, se recuarmos a nossa
imaginação a 1918 e aos poucos recursos de entretenimento da época, deve
ter arrancado lágrimas de emoção a não poucos espectadores como era apanágio
das comédias líricas onde se intercalava um ou outro episódio trágico, a demonstrar
a versatilidade dos atores-cantores.
O contraste de ser a morte a aquecer estas mãos que gelaram é um achado poético.
Da partitura Fado das Mãos, Sassetti & C.ª, Lisboa, 1918