Repertório de Carlos do Carmo
Uma bola de pano num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
E o céu no olhar dum puto
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Conta a força dum chui, que é bruto
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos... os putos
São com índios capitães da malta
São com índios capitães da malta
Os putos... os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar
E ouvem-no a falar
Do homem novo
São os putos dêste povo
São os putos dêste povo
A aprenderem a ser homens
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
E um puto que diz que não
Se a porrada vier, não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um peão na algibeira, sem cor
E um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
E um puto que diz que não
Se a porrada vier, não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um peão na algibeira, sem cor
E um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor