Desconheço se esta letra foi gravada.
Publico-a na esperança de obter informação credível
Letra publicada no livro de Fernando Cardoso *Poetas Populares*
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Arrancada, desprezada
Uma pedra da calçada
Posta ao canto duma rua
Lembrou o mundo ruim
E pôs-se a contar assim
Os transes da vida sua
Eu sou de serras distantes
Onde as fontes, sussurrantes
Uma pedra da calçada
Posta ao canto duma rua
Lembrou o mundo ruim
E pôs-se a contar assim
Os transes da vida sua
Eu sou de serras distantes
Onde as fontes, sussurrantes
P’la noite velha adormecem
Sobre mim, passaram nobres
Sobre mim, dormiram pobres
Eu vi riquezas mentidas
E vi misérias escondidas
E vim p’ra cidade enorme
Onde nem a noite dorme
Onde nem a noite dorme
E os homens não se conhecem
Sobre mim, passaram nobres
Sobre mim, dormiram pobres
Vi risos maus; dores sublimes
Salpicaram-me, no entanto
Com tristes gotas de pranto
Com tristes gotas de pranto
E negro sangue de crimes
Eu vi riquezas mentidas
E vi misérias escondidas
Vi honra e devassidão
Guardei-me dos homens falsos
Debaixo dos pés descalços
Debaixo dos pés descalços
Dos pobrezinhos sem pão
E aquela pedra sombria
Muito negra, muito fria
E aquela pedra sombria
Muito negra, muito fria
Com um desgosto profundo
Deixou-se ficar ali
Não por vergonha de si
Deixou-se ficar ali
Não por vergonha de si
Mas por vergonha do mundo