Repertório
de Bruno Igrejas
Quando o sol e até a lua
Visitam a minha rua
Têm de pedir licença
Pois não se atrevem jamais
Têm de pedir licença
Pois não se atrevem jamais
Do que ficar p’los beirais
Que a sombra tem mais presença
Mesmo com o dia claro
Que a sombra tem mais presença
Mesmo com o dia claro
Na minha rua é mais raro
Ver a luz do astro-rei
Porque ela é tão estreitinha
Ver a luz do astro-rei
Porque ela é tão estreitinha
Que da janela, a vizinha
Me dá a mão que lhe dei
Sempre lá vivi e bem conheci
Me dá a mão que lhe dei
Sempre lá vivi e bem conheci
Tantos
moradores
Ouvi, p’ra acordar, gaitas a tocar
Ouvi, p’ra acordar, gaitas a tocar
Dos amoladores
Vi regar flores, vi nascer amores
Vi regar flores, vi nascer amores
Pelos bailaricos
Gente a discutir, quadras a florir
Gente a discutir, quadras a florir
Entre manjericos
Quem me dera o tempo antigo
Da Tia Rosa ao postigo
Quem me dera o tempo antigo
Da Tia Rosa ao postigo
P’ra contar as novidades
Ir com os outros prá escola
Onde na velha sacola
Ir com os outros prá escola
Onde na velha sacola
Hoje só guardo saudades
Esta rua está diferente
Anda por cá muita gente
Esta rua está diferente
Anda por cá muita gente
Que só vem p’ra ver as vistas
Há fado por todo o lado
Desapareceu o passado
Há fado por todo o lado
Desapareceu o passado
O que mais há é turistas
Já não há varinas, já não há ardinas
Já não há varinas, já não há ardinas
Mas que desatino
Nem a Tia Rosa, que morreu idosa
Nem a Tia Rosa, que morreu idosa
Já não sou menino
Rua que eu adoro, onde ainda moro
Rua que eu adoro, onde ainda moro
Mas o tempo avança
Adeus tradições, adeus afeições
Adeus tradições, adeus afeições
Já não sou criança