Repertório
de Sandra Correia
De
longe te vejo como um ponto incerto
Que logo ao crescer
Se
faz linha de água, forma, mancha, rio
Vestido
de escuro
Por dentro das casas, por baixo da água
Por dentro das casas, por baixo da água
Submarinamente
Olhamos o fundo, entramos em casa
Olhamos o fundo, entramos em casa
Somos peixe, limo
Eu vou num barco Rabelo
Por cima da ponte, pertinho do céu
Eu vou num barco Rabelo
Por cima da ponte, pertinho do céu
No cais da Ribeira passa a minha sombra
E é na tua água que eu me vejo ao espelho
Regatos de vida, correndo p’las ruas
Espelhadas no rio
Por
dentro da água agitam-se as gentes
Correndo
por ela
Tens as mãos da tarde, os olhos da noite
Tens as mãos da tarde, os olhos da noite
Sorriso de aurora
E é p’los teus passos que marcam as ruas
E é p’los teus passos que marcam as ruas
Que eu sei que és cidade
Porto
Sobem p’la garganta, fados impossíveis
Sobem p’la garganta, fados impossíveis
De
serem cantados
Dão frescura aos lábios, soam no mercado
Dão frescura aos lábios, soam no mercado
E a manhã se espanta
Todos os amores por ti já são rio
São águas de prata
No eterno desejo de estar entre margens
No eterno desejo de estar entre margens
Saudando as aragens