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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.685 LETRAS <> 3.755.000 VISITAS <> FEVEREIRO DE 2024 <>
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Zé cacilheiro

Paulo da Fonseca / Carlos Dias 
Repertório de José Viana 
Da revista 
*Zero, Zero, Zé - Ordem para pagar*
Teatro Variedades em 1966
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*

Quando eu era rapazote 
Levei comigo no bote 
Uma varina atrevida 
Manobrei e gostei dela 
E lá me atraquei a ela 
Pró resto da minha vida 

Às vezes, numa pessoa 
A saudade não perdoa 
Faz bater o coração
Mas tenho grande vaidade 
Em viver a mocidade 
Dentro desta geração 

Sou marinheiro 
Deste velho cacilheiro 
Dedicado companheiro 
Pequeno berço do povo 
E navegando 
A idade vai chegando 
O cabelo branqueando
Mas o Tejo é sempre novo 

Todos moram numa rua 
A que chamam sempre sua 
Mas eu cá, não os invejo 
O meu bairro é sobre as águas 
Que cantam as suas mágoas 
E a minha rua é o Tejo 

Certa noite de luar 
Vinha eu a navegar 
E de pé, junto da proa 
Eu vi, ou então sonhei 
Que os braços do Cristo Rei 
Estavam a abraçar Lisboa

José Viana, um actor que cantava medianamente, representava excelentemente
e desenhava como um mestre, viu-se catapultado para a fama como criador de
um fado-canção inesquecível, este «Zé Cacilheiro».
Não confundir com «O Cacilheiro» (Ary dos Santos e Paulo de Carvalho) 
criado por Carlos do Carmo. 
A interpretação de José Viana nesta genial produção foi irrepreensível, prova de que
muitas vezes, são as composições que fazem o êxito dos cantores.
É sabido que, outras vezes, passa-se o contrário, mas aqui não restam dúvidas:
José Viana nunca seria conhecido como cantor se não tivesse revelado, em palco
uma letra e uma música tão bem casadas uma com a outra, para além da originalidade
do tema, o seu enquadramento, as imagens utilizadas e a homenagem, tão merecida 
quanto inesperada, a esses profissionais do Tejo que, todos os dias, transportam milhares 
de pessoas entre uma margem e outra.