Repertório de José Viana
Da revista *Zero, Zero, Zé - Ordem para pagar*
Da revista *Zero, Zero, Zé - Ordem para pagar*
Teatro Variedades em 1966
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Quando eu era rapazote
Levei comigo no bote
Uma varina atrevida
Manobrei e gostei dela
E lá me atraquei a ela
Pró resto da minha vida
Às vezes, numa pessoa
A saudade não perdoa
Faz bater o coração
Mas tenho grande vaidade
Em viver a mocidade
Dentro desta geração
Sou marinheiro
Deste velho cacilheiro
Dedicado companheiro
Pequeno berço do povo
E navegando
A idade vai chegando
O cabelo branqueando
Mas o Tejo é sempre novo
Todos moram numa rua
A que chamam sempre sua
Mas eu cá, não os invejo
O meu bairro é sobre as águas
Que cantam as suas mágoas
E a minha rua é o Tejo
Certa noite de luar
Vinha eu a navegar
E de pé, junto da proa
Eu vi, ou então sonhei
Que os braços do Cristo Rei
Estavam a abraçar Lisboa
e desenhava como um mestre, viu-se catapultado para a fama como criador de
um fado-canção inesquecível, este «Zé Cacilheiro».
Não confundir com «O Cacilheiro» (Ary dos Santos e Paulo de Carvalho)
criado por Carlos do Carmo.
A interpretação de José Viana nesta genial produção foi irrepreensível, prova de que
muitas vezes, são as composições que fazem o êxito dos cantores.
É sabido que, outras vezes, passa-se o contrário, mas aqui não restam dúvidas:
José Viana nunca seria conhecido como cantor se não tivesse revelado, em palco
uma letra e uma música tão bem casadas uma com a outra, para além da originalidade
do tema, o seu enquadramento, as imagens utilizadas e a homenagem, tão merecida
quanto inesperada, a esses profissionais do Tejo que, todos os dias, transportam milhares
de pessoas entre uma margem e outra.