Repertório
de Vicente da Câmara
Quando
ao meu peito encostada
Seguro
a minha guitarra
Faço
tal qual a cigarra
Canto
cantigas, mais nada
O
nosso fado que dizem ser fatalista
Nele
tenho devoção, sou fadista
E
canto com o coração
Ó minha velha cantiga
Por seres expressão muito antiga
Corres veloz como o vento;
Quem te cantar a rigor
Vai descobrindo que o fado
Bem cantado no Menor
Toca fundo o sentimento
Sempre
que sais da garganta
De
quem te canta a preceito
Fazes
penetrar no peito
Um
sentimento que encanta
Cantas
a dor, a alegria, a paixão
Por
isso és, concerteza, com razão
Bem
da gente portuguesa
Quantas
vezes és bizarra
Velha
cantiga altaneira
Mesmo
assim tu és bandeira
Que
tem por lança a guitarra
Porque
te sinto
Só
por isso és cantado com raça e com prazer
Bem
timbrado toda a vida até morrer