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Sombras

Domingos Costa / Armandino Maia
Repertório de Flora Silva

Daquele amor que um dia me juraste
E que deixou em mim traços fatais
Igual a uma flor sacraste
Ficou somente a sombra e nada mais

Dos beijos venenosos que me déste
E que eu sorvi com louca embrieguês
Ficou só a saudade triste e agreste
Que amor não foi, mas é sombra talvez

Sombra
Que me tortura e não me deixa
Sombra cruel como uma queixa
Dum coração a padecer
Sombra
Que é para mim pesada cruz
Sombra cruél como uma luz
Que eu nunca mais desejo ver

Quantas vezes eu penso em te dizer
A minha dor escondida nos teus braços
Mas sinto dentro em mim anoitecer
E a sombra faz-se então toda em pedaços

Agora, mais que eu queira não consigo
Afastar-me de ti, o que me assombra
Na luz dum puro amor busco outro abrigo
Morre essa luz bendita e é tudo sombra