Repertório
de Flora Silva
Daquele
amor que um dia me juraste
E
que deixou em mim traços fatais
Igual
a uma flor sarcaste
Ficou
somente a sombra e nada mais
Dos
beijos venenosos que me déste
E
que eu sorvi com louca embriaguês
Ficou
só a saudade triste e agreste
Que
amor não foi, mas é sombra talvez
Sombra
Que me tortura e não me deixa
Sombra cruel como uma queixa
Dum coração a padecer
Sombra
Que é para mim pesada cruz
Sombra cruél como uma luz
Que eu nunca mais desejo ver
Quantas
vezes eu penso em te dizer
A
minha dor escondida nos teus braços
Mas
sinto dentro em mim anoitecer
E
a sombra faz-se então toda em pedaços
Agora,
mais que eu queira não consigo
Afastar-me
de ti, o que me assombra
Na
luz dum puro amor busco outro abrigo
Morre
essa luz bendita e é tudo sombra