Mote de Francisco Radamanto (ou) José Rodrigues?
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Cavador, meu camarada
Tu dizes que a pena é leve
Pesa tanto como a enxada
A pena com que se escreve
Anda cá, meu velho amigo
Vem mesmo de enxada ao ombro
Pretendo, com desassombro
Pretendo, com desassombro
Trocar impressões contigo;
Se alguém, por sistema antigo
Se alguém, por sistema antigo
Te informou de forma errada
Que a pena não produz nada
Que a pena não produz nada
Nem revigora as ideias;
Dá-lhe desprezo, não creias
Cavador, meu camarada
Como a pena facilmente
Dá-lhe desprezo, não creias
Cavador, meu camarada
Como a pena facilmente
Se maneja com dois dedos
Faz-te lembrar os brinquedos
Faz-te lembrar os brinquedos
Duma criança inocente;
Até há muito imprudente
Até há muito imprudente
Que a toda a hora se atreve
A dizer que não se deve;
A dizer que não se deve;
De à pena prestar-lhe culto
E a secundar esse insulto
Tu dizes que a pena é leve
Quantas lágrimas de fel
E a secundar esse insulto
Tu dizes que a pena é leve
Quantas lágrimas de fel
Em louvor de bons intuitos
Caem dos olhos de muitos
Caem dos olhos de muitos
Sobre laudas de papel;
Não sejas, então, cruel
Não sejas, então, cruel
Pensa de forma acertada
Porque a pena manejada
Porque a pena manejada
Em favor dos infelizes;
Não é leve, como dizes
Pesa tanto como a enxada
Penas de bons escritores
Não é leve, como dizes
Pesa tanto como a enxada
Penas de bons escritores
Quando p’ró bem se inclinam
São lâmpadas que iluminam
São lâmpadas que iluminam
O porvir dos produtores;
O sol, o luar, as flores
O sol, o luar, as flores
A pena tudo descreve
E por muito que se eleve;
E por muito que se eleve;
Quem nos campos ganha a vida
Também deve ser erguida
A pena com que se escreve
Também deve ser erguida
A pena com que se escreve