Repertório
do autor com participação de Lia Gama
A
terra certa
Trata por tu a saudade
Entrega-se
à liberdade
De
ser dia e noite a sós
A
terra certa sabe a sonho
Sabe
a morte e canta o fim
Como
se o canto dessa voz
Que mais me aperta
Fosse
a alma a querer ser Deus
Dentro de mim
O
céu já quer ser meu a esta hora
Castiga-me
a traição mais inclemente
Já
não és terra forte e não tens gente
Dizes
que vais parar, mas não agora;
Agora
que és só terra sem semente
Desprezas
a saudade e vais embora
Texto declamado por Lia Gama
Hoje…
ainda longe do destino
O
sol das lágrimas tristes
Deixa-me só neste cais
Hoje…
aquilo que foi céu é só cinzento
Que
dói tanto mar adentro
E
diz que já não existes
Que não voltas nunca mais
Hoje…
mais perto de mim
Há
um sussurro eloquente
Duma sereia inventada
Hoje…
quero ser apenas triste
Imaginar que não partiste
E
que Lisboa é diferente
Apenas triste e mais nada
Este
rio que quer ser foz já não é meu
Quer
ser só solidão, sem nos dizer
E agora
que Lisboa se perdeu
Também
o céu que quis ser teu
Já quer morrer
Já
não é terra forte
E não tens gente
Deixa-me
ser só eu à despedida
Pois
só assim tu vais parar
E
eu vou-me embora