Música de Raúl Ferrão
Versão do Repertório de Lídia Ribeiro
Criação de Margarida de Almeida na revista *Fado Liró*
Teatro Variedades, 1928
Teatro Variedades, 1928
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Ó linda Alcântara
Ó linda Alcântara
Junto à qual o velho Tejo
Reza sempre dia e noite, uma oração
Como eu gostava
Reza sempre dia e noite, uma oração
Como eu gostava
Que coubesses só num beijo
Como cabes toda inteira, no coração
Bairro modesto
Como cabes toda inteira, no coração
Bairro modesto
De modestos pescadores
Onde o povo sabe rir e padecer
A minha mãe
Onde o povo sabe rir e padecer
A minha mãe
A luz do sol e os meus amores
Em Alcântara tudo eu vim a conhecer
Não há bairro de Lisboa mais lindo
Do que aquele onde eu ganho
Em Alcântara tudo eu vim a conhecer
Não há bairro de Lisboa mais lindo
Do que aquele onde eu ganho
O pão para comer
E ali vivo, ora triste, ora rindo
Ali fui criança
E ali vivo, ora triste, ora rindo
Ali fui criança
Ali fui mulher
Eu só queria que no dia em que a morte
O meu pobre corpo
Eu só queria que no dia em que a morte
O meu pobre corpo
Viesse buscar
Eu só queria, meu Deus, ter a sorte
De ainda em Alcântara
Eu só queria, meu Deus, ter a sorte
De ainda em Alcântara
Poder me enterrar
Ó lindo bairro
Ó lindo bairro
Que os antigos guerrilheiros
Amarraram ao valor de Portugal
És o cantinho
Amarraram ao valor de Portugal
És o cantinho
Que os valentes marinheiros
Querem todo só p’ra si, a bem ou mal
Quando é noitinha
Querem todo só p’ra si, a bem ou mal
Quando é noitinha
E as cantigas fatalistas
Já começam p'las vielas a gemer
É para Alcântara
Já começam p'las vielas a gemer
É para Alcântara
Que os últimos fadistas
Vão cantar o triste fado, que vai morrer
Vão cantar o triste fado, que vai morrer