Repertório de António dos Santos
Tudo traz o progresso
Nestes tempos debulatos
Hoje houve um congresso
Um congresso de gatos;
Muitos, brancos e pretos
Muitos, quase mulatos
A razão do congresso
É andarem irritados
Por causa das antenas
Por causa das antenas
Que há agora p’los telhados
As gatas, assustadas
As gatas, assustadas
Deixaram de aparecer
E os gatos, coitadinhos
E os gatos, coitadinhos
Passam a noite a sofrer
Não bastava o carapau
Custar já um dinheirão
Agora renhau, nhau, nhau
Veio inda a televisão
Ora oiçam então
O discurso fluente
Que lhe fez o presidente
Logo ao abrir a sessão
A nossa vida agora
Não bastava o carapau
Custar já um dinheirão
Agora renhau, nhau, nhau
Veio inda a televisão
Ora oiçam então
O discurso fluente
Que lhe fez o presidente
Logo ao abrir a sessão
A nossa vida agora
É tristonha, mete dó
Nenhum gato ao nascer
Nenhum gato ao nascer
Quer nascer p’ra viver só
Se fossem proibir também
Se fossem proibir também
Os homens de amar
Teríamos que ouvir muitos homens
Teríamos que ouvir muitos homens
Refilar, também, podem crer
Nos telhados a miar