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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Maldito fado

Pedro Bandeira, Alvaro Leal / Raúl Ferrão
Versão do repertório de Carlos Zel
Criação de Alberto Reis, no Palácio Foz (década de 1920).
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
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Ele era um bom rapaz, trabalhador
Um operário leal cumprindo o bem
Vint'anos de ilusões brotando em flor
E uma terna afeição por sua mãe

Mas um dia fatal, os companheiros
Levaram-no à taberna onde parava
A malta dos vadios e desordeiros
Dos quais um à guitarra assim cantava

Um fadinho a soluçar
Faz de nós afugentar 
A ideia da própria morte
Mata a dor, mata a tristeza
O fado é bendita reza 
Dos desgraçados sem sorte

Tem tal dor e mágoa tanta
Quando canta uma garganta
De quem vive amargurado
Que o refúgio preferido
P’ra quem viver dolorido
Está na doçura do fado

Esta triste canção foi mau agoiro
Que a vida lhe viesse transtornar
Tomou gosto à taberna, o matadoiro
E em breve deixou de trabalhar

Uma ideia tenaz e doentia
Trazia-lhe a cabeça transtornada
Chorar, fazia a mãe, quando o ouvia
Já ébrio, ao regressar de madrugada

Esta última estrofe, talvez por razões de demasiada 
extensão da letra, raramente é cantada.

Deixando a mãe sem forças p’ra lutar
Vendo a fome no lar não se importou
E um dia sem razão, sem vacilar
Abriu uma navalha: assassinou

Para onde se vai sem voltar mais
Condenado ao degredo, lá partiu
E, enquanto a mãe tombava sobre o cais
Ao longe a voz d’ele ‘inda se ouviu