Repertório de Rodrigo
Sou alfacinha de gema
Nascido na Graça,
Na estúrdia criado
Faço da vida um poema
Que nunca mais passa
Na história do fado
Não digam mal do que é nosso
Do que é português
Que eu cá não resisto
Perco a estribeira… não posso
Só conto até três
É pá… e vai disto
Gosto da malta bairrista
Dos barcos do Tejo
Num jeito
gingado
Perde-me um xaile fadista
Mas cego, se vejo
Esperas de
gado
Mal que um boi se tresmalha
Ó feras danadas
Aquilo só
visto
Salto-lhe à frente e não
falha
Dou quatro palmadas
É pá… e vai disto
Gosto de entrar na balbúrdia
Sou filho da noite
E amante
da lua
Ó camaradas de estúrdia
Se há um que se afoite
Que
venha p'rá rua
Em noites de tradição
Reinava a preceito
Ó almas
de Crist
Bastava um arco e um balão
Um par a meu jeito
É pá… e vai disto
Dizem que o mundo vai torto
Vão endireitá-lo
Que a isso
não ligo
Digam que o fado está morto
Então já me ralo
Porque isso
é comigo
Pego na banza afinada
E basta um jeitinho
Que o
fado é só isto
Uma garganta velada
Dois copos de vinho
É pá… e vai disto