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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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A minha rua

Manuela de Freitas / Armandinho *fado alexandrino antigo*
Repertório de Camané 
Este poema não sendo quadras alexandrinas, é cantado com arranjos


Mudou muito a minha rua 
Quando o outono chegou
Deixou de se ver a lua
Todo o transito parou;
Muitas portas estão fechadas 
Já ninguém entra por elas
Não há roupas penduradas 
Nem há cravos nas janelas

Não há marujos na esquina 
De manhã não há mercado
Nunca mais vi a varina 
A namorar com o soldado;
O padeiro foi-se embora 
Foi-se embora o professor
Na rua só passa agora 
O abade e o doutor

O homem do realejo 
Nunca mais por lá passou
O Tejo já não o vejo 
Um grande prédio o tapou;
O relógio da estação 
Marca as horas em atraso
E o menino do pião 
Anda a brincar ao acaso

A livraria fechou 
A tasca tem outro dono
A minha rua mudou
Quando chegou o outono;
Há quem diga "ainda bem" 
Está muito mais sossegada
Não se vê quase ninguém 
E não se ouve quase nada;
Eu vou-lhes dando razão 
Que lhes faça bom proveito
E só espero p'lo verão 
P'ra pôr a rua a meu jeito