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Fado nosso

Homenagem aos vultos do nosso fado
Por: António Torre da Guia

Mestre Alfredo era a cantar
A matriz da oração
Que à alma ia buscar 
P'ró corpo, consolação

Na zonza telefonia 
Minha avó e a vizinha
Choravam de nostalgia 
Quando ouviam o Farinha

Dava, Fernanda Maria 
Ao Pintadinho tal jeito
Que a rima até parecia 
Um rouxinol perfeito

Toni de Matos, total
P'rós amantes sem esperança
Foi a voz de um vendaval
A transformar-se em bonança

Maurício, à dor do verso 
Como o sol que se levanta
Abria-lhe o universo 
Ao soltá-la da garganta

Amália, em todos nós 
Fazia a alma acender
Com a saudade na voz 
A queimar-nos de prazer

Carlos do Carmo, marfim 
Do velho anuncia ao povo
Que o fado chegando ao fim
Começa sempre de novo

Argentina, prata pura 
Santos, altar que se abre
Sobe o fado a grande altura 
Até parece milagre

Quem o ouvisse cantar 
O Bailinho da Madeira
Não podia imaginar 
O Max sem brincadeira

Qual marialva outrora 
Pelo "Fado Português"
O Nuno parece agora 
O Vimioso outra vez

Lucília, brisa suave
Do castiço genuíno
Que embalava a saudade 
Com o Carmo do destino

Beatriz da Conceição 
Fado a fado se ilumina
E ouvi-la ao vivo, então
 A emoção é divina

Dulce Pontes, alvorada
 Da lusitana paixão
Cada vez mais semeada 
Nas searas da ilusão

De menino na levada 
Camané, fado de mais
Entre os amigos sem fada 
Que ao vento cantam seus ais

Do Nuno, que hei-de dizer 
Grato pelo que lhe devo?
Da meada em fado-ser 
Foi a ponta do que escrevo

Esta Maria tripeira
Tinha tanta, tanta Fé
Que ao Tejo logrou maré 
Pró rabelo da Ribeira

Rodrigo da voz do mar 
Trouxe o benquisto lamento
Para em fado consolar 
As fainas do sentimento