João Fezas Vital / António Chaínho
Repertório de Hélder Cruz
Olhos de ave perdida num longe que não é seu
Como se o horizonte fosse mesmo o que era
O peito a arder de febre dum sol fechado ao céu
Tortura de ter falhado o tempo da primavera
Asas de ave perdida num voo feito de nada
E que a dor amordaçou como insulto derradeiro
Desespero de criança em busca da alvorada
Entontecida p’lo espanto do medo ser verdadeiro
Nudez de ave perdida no espaço do meu pecado
Soluço de abandono em acesso de aventura
Tão triste a liberdade de nunca ter cantado
Ave branda, minha sede, meu processo de loucura