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Fado da cigana

Lourenço Rodrigues / Jaime Mendes
Repertório de Hermínia Silva


A cigana tem um fado que é bem triste
O fado do seu destino
Sem ter pátria e sem ter lar
E se à sua negra sorte ainda resiste
É que há um poder divino 
Que a encoraja a lutar

Escorraçada como um pobre cão vadio
Não se importa que lhe neguem 
O direito de viver
Que a cigana haja sol ou faça frio
Foge às pragas que a perseguem 
Como a sombra até morrer

Mas neste mundo de destinos malfazejos
Toda a mulher gosta de ser acarinhada
Porque afinal sabe-lhe bem ouvir gracejos
Mesmo se além dos madrigais não for mais nada

Porque a cigana também sente e tem desejos
Embora seja pelo mundo desprezada
Tal como as outras tem a boca para dar beijos
E como as outras sabe amar e ser amada

Neste mundo onde a maldade é
 quem domina
A cigana é repelida 
E a ninguém tira o lugar
Só aos outros é que pode ler a sina
Porque a sua é já sabida
É a sofrer e a chorar

Corre a gente de terra em terra e de porta em porta
E ninguém de nós se importa
Só nos tratam como aos mortos
Porque é que a Humanidade nos repele
Se na cor da nossa pele
Brilha o Sol que é pai de todos