-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

. . .

7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

. . .

A morte da Mariquinhas

Maria Manuela Mota / Paulo de Carvalho
Repertório de Carlos do Carmo

Sem amigos e sem pão
La morreu a Mariquinhas
Dizem que foi no caixão
Feito só com tabuinhas

Num quarto escuro, fechado 
Sem cortinas nas janelas
Em noite negra sem estrelas 
Sem guitarras e sem fado;
Num silêncio bem magoado 
Há choros no Capelão
E um ou outro coração 
Já recorda cheio de dor
A que morreu sem amor 
Sem amigos e sem pão

De todo o lado veio gente 
Que se aperta e se atropela
Pois toda a gente quer vê-la 
De rosto frio e ausente;
Mas com ela, isso é diferente 
Não se riam as vizinhas
Altiva como as rainhas 
Lenços e fitas agarra
E abraçada a uma guitarra 
Lá morreu a Mariquinhas

Deixou escrito em testamento 
Lido de alto p'las vizinhas
Que à guitarra e às tabuínhas 
Seu espólio de momento;
Queria este seguimento 
A guitarra ali à mão
E as tábuas no coração 
Coisa um bocado bizarra
Mas o certo é que a guitarra 
Dizem que foi no caixão

E chegou a madrugada 
Com toda a gente na rua
Havia uns restos de lua 
E de noite mal passada;
Mas foi data assinalada 
Pois qual bando de andorinhas
As colegas e as vizinhas 
Com o luto no coração
Transportavam o caixão 
Feito só com tabuinhas