-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

. . .

7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

. . .

Saudades de Júlia Mendes

César d'Oliveira / Rogério Bracinha / Paulo Fonseca / João Nobre
Repertório de Fernanda Batista
Criação de Fernanda Batista na revista *Ena, já fala*
Teatro ABC em 1969
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*


Declamado
Eu trago a vida suspensa 
Nas cordas duma guitarra
Mas oiço com indif'rença 
Quando me vêm dizer
Naquela ideia bizarra 
De eu não cantar p'ra viver

Oh Júlia... t
rocas a vida p'lo fado
P’lo fado, esse malandro vadio
Oh Júlia... o
lha que é tarde, toma cuidado
Leva o teu xaile traçado 
Porque de noite faz frio

Oh Júlia... a
ndas co’a noite na alma
Tem calma, 'inda te perdes p'ra aí
Oh Júlia... s
e estás no mundo vencida
Não finjas gostar da vida 
Que ela não gosta de ti

Não fales coração
Tu és um tonto sem razão
Viver só por se querer não chega a nada
Aceito a decisão 

Que os fados trazem ao nascer
Todos nós temos que viver de hora marcada

Se Deus me deu a voz
Que hei-de eu fazer senão cantar
O fado e eu a sós queremos chorar
Eu fujo não sei bem de
 quê
Do mundo ou de ninguém, talvez de mim
Mas oiço alguém dizer-me assim

Não há fadista atual chamada Júlia que não cante este fado. Compreende-se.
Está escrito na primeira pessoa, o vocativo «Ó Júlia» introduz um diálogo
que «dá muita vida» a este fado.
Ainda por cima, contém alguma profundidade filosófica pouco usual
(… Se estás no mundo vencida / Não finjas gostar da vida / Que ela não gosta de ti)
e um confessionalismo algo torturado
(… Eu fujo não sei bem / De quê, do mundo ou de ninguém / Talvez de mim…)
que se aliam muito bem ao Fado, aliança a que não é alheia a música que o maestro
João Nobre teve de compor para nela «encaixar» esta letra tão diversificada em termos
métricos.
Atualmente, não se ouve a introdução declamada, e é pena.