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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Poemas canhotos

Herberto Hélder / António Vitorino d’Almeida
Repertório de Carlos do Carmo


Estes poemas que chegam 
Do meio da escuridão
De que ficamos incertos 
Se têm autor ou não
Poemas às vezes perto 
Da nossa própria razão
Que nos podem fazer ver 
O dentro da nossa morte

As forças fora de nós 
E a matéria da voz
Fabricada no mais fundo 
De outro silêncio do mundo
Que serão eles senão 
Uma imensidão de voz
Que vem da terra calada 
Do lado da solidão

Estes poemas que avançam 
No meio da escuridão
Até não serem mais nada 
Que lápis, papel e mão
E esta tremenda atenção, este nada

Uma cegueira que apago 
A luz por trás de outra mão
Tudo o que acende e me apaga 
Alumiação de mais nada
Que a mão parada

Alumiação então 
De que esta mão me conduz
Por descaminhos de luz 
Ao centro da escuridão
Que é fácil a rima em Ão 
Difícil é ver-se a luz
Rima ou não rima co’a mão