Patxi Andion / Versão de António Pinto Basto
Repertório de António Pinto Basto
Amo-te muito criança
E o meu amor vive oculto
Pairando sobre o teu vulto
Como um fantasma a chorar
Já que nasceu no meu peito
Já que viveu iludido
Hei-de guardá-lo escondido
Sem ninguém o suspeitar
Fiz-lhe uma campa de flores
Macia, muito macia
Porque o pobre não dormia
Desde o dia em que nasceu
Coitado, sob essa campa
Onde viveu encoberto
Desperto, sempre desperto
Nem sequer adormeceu
Andei buscando outros olhos
Outros lábios perfumados
Cheio de mimo e cuidados
Para esquecer meus amores
Mas este amor desditoso
Como criança inocente
Velava constantemente
Na sua campa de flores
Andei em noites de lua
Fitando várias estrelas
Para ver se alguma delas
Me dava novos amores
Mas ai, amor insensato
Que então à hora vieste
Nem sequer estremeceste
Na tua campa de flores
Descansa meu filho, dorme
Que é noite na minha vida
E aquela esperança perdida
Já entre nuvens morreu
Adoro junto a meu peito
Que tantas mágoas encerra
Para a descrença da terra
Só tens a crença do céu