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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.685 LETRAS <> 3.755.000 VISITAS <> FEVEREIRO DE 2024 <>
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Quadras de Frederico de Brito

Transcritas do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado

Não me fales que eu não posso
Atender a tua dor
Estou rezando um Padre Nosso
Por alma do nosso amor

O ribeiro não corria 
Quando o teu lenço lavavas
Parou, a ver se aprendia 
As cantigas que cantavas

À fonte de São João 
Fui lavar penas e mágoas
As penas tão negras são 
Qu’enegreceram as águas

Já a água do regato 
Anda de noite a ralhar
Com teu coração ingrato 
Que tanto me faz penar

Que o amor nasce da chama
 Dum olhar, é ironia
Porque o cego também ama 
Sem ter visto a luz do dia

No céu faltam duas ‘strelas 
As de mais lindo fulgor
Pois Deus quis fazer com elas
Os olhos do meu amor

Negros ciúmes de amor 
Quem nunca os exp’rimentou
Não sabe a coisa pior 
Que Deus ao mundo deitou

Saudade é a flor mais linda 
Que dentro em noss’alma vive
Saudades tenho-as ainda 
Das saudades que já tive

As mais lindas bailarinas 
E as que bailam melhor
São essas lindas meninas 
Dos teus olhos, meu amor

Tu tens um ar apressado 
E passas por tudo a rir
Olha que um passo mal dado 
Pode fazer-te cair

Das tuas juras d’amor 
Quis na feira fazer venda
Mas de tanto comprador 
Nenhum gostou da fazenda

Para se poder cantar 
O Fado, quando se adora
Basta apenas atirar 
A alma p’la boca fora

Olhas pr’á Virgem e rezas 
E eu julgo ver, nessa hora
Mais duas velas acesas 
No altar de Nossa Senhora

Traz as palavras contadas 
Vê lá bem com quem te expandes
Pois é dos pequenos nadas 
Que nascem as coisas grandes

Para amar, tem sempre tento 
Nunca é bom amar demais
Porque os moinhos de vento 
Não moem com temporais

Vidas felizes, são raras 
Quantas vidas há perdidas
Que, depois de rir às claras 
Vão chorar às escondidas?

Mulher, fazes mal se casas 
Sem uma paixão ardente
Olha que o lume sem brasas 
Apaga-se facilmente

Quando tu fias o linho 
Até o linho sorri
E o fuso põe-se mansinho 
Bailando junto de ti

Cautela, ninguém se gabe 
De ter tudo o que lhe apraz
Quem não tem nada é que sabe 
A falta que tudo faz

Perdida no meio dum ermo 
A casinha onde nasci
Parece um velhinho enfermo 
Que nunca mais sai dali

Meu pequeno povoado 
À luz do luar mansinho
É um cacho sulfatado 
Beijando o pó do caminho

Planta de vários matizes 
É meu Portugal jucundo
Que soube criar raízes 
Nas cinco partes do mundo

Se o teu olhar visse um dia 
Como trago o peito aflito
Tua boca não dizia 
Metade do que tem dito

Tu disseste que eu partira 
De ti, cheio de saudade?!
Tens dito tanta mentira 
Mas desta vez foi verdade

Não há lábios como aqueles 
Nunca vi lábios assim
Quanto mais perto estou deles 
Mais longe ficam de mim

A água da fonte é louca 
Anda p’ra aí a dizer
Que já te beijou a boca 
Quando lá foste beber