António Mendes / Joaquim Campos *fado alexandrino*
Repertório de Vítor Miranda
Perguntei à Mouraria, sincero e amistoso
Porque razão vestia de luto rigoroso
Diz ela a soluçar, de olhar turvo e sem brilho
Estou de luto a lembrar a morte do meu filho
Dos bairros mais bairristas, o mais antigo eu sou
Fui mãe de outros fadistas e agora, vivo só
Sou viveiro do Fado e catedral bendita
Quem sabe o meu passado, em mim se ressuscita
O meu filho partiu, foi triste a sua hora
Porque o fado sentiu, isto, que eu sinto agora
Sou mãe da grande lenda, que não fica esquecida
Para quem compreenda a dor na minha vida
O que será do Fado sem essa voz castiça
Que andou por todo o lado, fiel e submissa
Fadista popular, quem sabe, está no céu
Para os anjos a cantar, com a voz que Deus lhe deu