Carlos Baleia / Arménio de Melo *fado baleia*
Repertório de Adriano Pina
O meu fado anda sem sono
Preso na sombra que passa
Sombra ligeira e sem dono
Como ele ao abandono
Pelas ruas que tem a Graça
E ao caminhar pelas calçadas
Sabe Deus atrás de quem
Meu fado sobe as escadas
Onde ficaram gravadas
As sombras que a vida tem
Quando, já na Mouraria,
Em passos andou perdido
Pela rua estreita e sombria
Viu que outro fado vivia
Longe de tudo, escondido
Era um fado de Malhoa
Quadro ou fantasma acordado
Que ali ou na Madragoa
Ao cantar, era a Lisboa
Ciosa do seu passado
E esse canto que eu ouvi
Nessas sombras da cidade
Deu-me, Lisboa, de ti
Recados que deixo aqui
De um fado com outra idade