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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Desandar do fado

Conde Sobral / Alfredo Duarte *fado bailarico
Versão do repertório de Manuel Cardoso de Menezes

Quando Portugal buscava 
O mundo pelo mar fora
No descanso a qualquer hora 
Uma guitarra trinava
Então alguém que a escutava 
Mais saudoso e comovido
Sentia-se como impelido 
A cantar uma afeição
E abrindo o coração
O fado era sentido

Alguém descobriu um dia 
Que o fado tinha beleza
E cometeu a vileza 
De o tirar donde vivia
Desde então a fantasia 
Num capricho desmedido
Roubou-lhe todo o sentido 
Ensinou-lhe falsidade
E o que foi sinceridade
É hoje luxo vendido

Assim o fado à guitarra 
Já não tem o improviso
Nem estila como é preciso 
À sua graça bizarra
Não é boémio, nem farra 
Pelos botequins soezes
Impera em tascos burgueses 
Tem estribilho, é musicado
Hoje é tudo menos fado
E não lhe faltam fregueses 
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Versão original
Do livro *Poetas do Fado Tradicional de:
Daniel Gouveia e Francisco Mendes

O fado era sentido
Desafogo de revezes
É hoje luxo vendido
E não lhe faltam fregueses

Quando Portugal buscava 
O mundo pelo mar fora
No descanso a qualquer hora 
Uma guitarra trinava
Então alguém que a escutava
 Mais saudoso e comovido
Sentia-se como impelido 
A cantar uma afeição
E abrindo o coração
O fado era sentido

Trazido por quem voltou 
O fado que assim nasceu
Foi cantar de quem sofreu 
Sofrer de quem o cantou
Mas para sempre ficou 
No sentir dos portugueses
Que o escutavam muitas vezes 
Em Alfama e Mouraria
E era quando se ouvia
Desafogo de revezes

Alguém descobriu um dia 
Que o fado tinha beleza
E cometeu a vileza 
De o tirar donde vivia
Desde então a fantasia 
Num capricho desmedido
Roubou-lhe todo o sentido 
Ensinou-lhe falsidade
E o que foi sinceridade
É hoje luxo vendido

Assim o fado à guitarra 
Já não tem o improviso
Nem estila como é preciso 
À sua graça bizarra
Não é boémio, nem farra 
Pelos botequins soezes
Impera em tascos burgueses 
Tem estribilho, é musicado
Hoje é tudo menos fado
E não lhe faltam fregueses