Repertório de Jorge Batista da Silva
Um manto de nevoeiro
Travou no Tejo um veleiro
Pôs gaivotas nas colinas
E, gemendo, o cacilheiro
Pôs gaivotas nas colinas
E, gemendo, o cacilheiro
Atravessa o rio inteiro
Cantando lentas matinas
No estuário de algodão
Cantando lentas matinas
No estuário de algodão
Já navega a solidão
Que ganha a vida no rio
E a manhã, em ascensão
Que ganha a vida no rio
E a manhã, em ascensão
Solta no cais “o calão”
Que no cacau mata o frio
Ai, mercado da Ribeira
Que, quer se queira ou não queira
Lisboa nos põe à mesa
E os cheiros que se misturam
São memórias que perduram
Dum mercado à portuguesa
Tejo, barcos, nevoeiro
Que no cacau mata o frio
Ai, mercado da Ribeira
Que, quer se queira ou não queira
Lisboa nos põe à mesa
E os cheiros que se misturam
São memórias que perduram
Dum mercado à portuguesa
Tejo, barcos, nevoeiro
Começo de um dia inteiro
Algazarra e discussão
E em regateio, o dinheiro
Algazarra e discussão
E em regateio, o dinheiro
Num compra e vende ligeiro
Circula de mão em mão
E não se acalma o bulício
Circula de mão em mão
E não se acalma o bulício
Daquela gente de ofício
Que viu a manhã chegar
E o Tejo em benefício
Que viu a manhã chegar
E o Tejo em benefício
Do trabalho e sacrifício
Dá-lhe um fado para cantar
Dá-lhe um fado para cantar