Gonçalo Salgueiro / Raúl Ferrão *fado alcântara*
Repertório de Gonçalo Salgueiro
Trago nas veias o sangue de um povo triste
Que de lutar não desiste, p’lo que já fomos
Trago na boca o passado que já não volta
E um grito de revolta p’lo que hoje somos
Trago nos olhos a cor do céu cinzento
De tanto chorar o momento em que partiste
E agora canto evou dizer a toda a gente
Como eu amo loucamente quem não existe
Eu por ti, deixaria este mundo
Descia ao mais profundo
Ao fundo do inferno
Eu por ti, sete pecados cometia
E na cruz eu morreria
Por teu amor eterno
Eu por ti vendi a alma ao fado
E mesmo assim não tive
Os afectos teus
Veio que é impossível, tão errado
Querer o amor de alguém
Sem amar a Deus
Trago no peito sem fé, o teu vazio
E meu coração bate frio, morto de fome
Trago nas mãos, em vão, gretada esperança
Que de esperar-te não cansa, nem nunca dorme
Trago no corpo, queimado p’lo teu perfume
A raiva, a dor e o ciúme de quem sofreu
E agora canto e vou dizer a toda a gente
Como eu amo loucamente quem não é meu