Repertório de Amália
Quando ele passa
O marujo português
Não anda passa a bailar
Como ao sabor das marés
Quando se ginga
Põe tal jeito, faz tal proa
Só p’ra que se não distinga
Se é corpo humano ou canoa
Chega a Lisboa
Salta do barco e num salto
Vai parar à Madragoa
Ou então ao Bairro Alto
Entra em Alfama
E faz de Alfama o convés
Há sempre um Vasco da Gama
No marujo português
Quando ele passa
Com seu Alcache vistoso
Traz sempre pedras de sal
No olhar malicioso
Põe com malícia
A sua boina maruja
E se inventa uma carícia
Não há mulher que lhe fuja
Uma madeixa
De cabelo descomposta
Pode até ser a fatexa
De que uma varina gosta
Sempre que passa
O marujo português
Passa o mar numa ameaça
De carinhosas marés
Eis-nos chegados a um mestre entre os mestres, tão notável em Fado Tradicional como em
Fado-Canção. Estes inspirados versos foram postos numa não menos inspirada música de
Artur Ribeiro, anteriormente composta para o conhecidíssimo êxito *A Rosinha dos Limões*
letra do compositor. Não teve menos êxito este Marujo Português, embora tenha conhecido
menos gravações por outros intérpretes. Bastaria Amália ter-lhe dado voz.