Arnaldo Leite, Carvalho Barbosa / Manuel Figueiredo
Versão do repertório de Carlos Ramos
Criação de Estevão Amarante na comédia *Pão de ló" Teatro Avenida em1925
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Versão original
Por isso a guitarra amiga
Nunca abandona o soldado
Transforma a dor em cantiga
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Soldado que vais prá guerra
Ao deixares a tua terra
E o cantinho do teu lar
Quantas mágoas te consomem
Não choras porque és um homem
E é feio um homem chorar
Tu foste, ó guitarra qu’rida
Quem inspirou o soldado
A dar pela Pátria a vida
Quem inspirou o soldado
A dar pela Pátria a vida
Que é o teu fado
E nas horas de incerteza
Minha doce companheira
Tu és o hino
E nas horas de incerteza
Minha doce companheira
Tu és o hino
És a bandeira Portuguesa
Quando à noite, na caserna
À luz tosca da lanterna
Nessa meia claridade
Parece uma voz distante
O segredo duma amante
O carpir duma saudade
Por isso a guitarra amiga
Nunca abandona o soldado
Transforma a dor em cantiga
Nunca abandona o soldado
Transforma a dor em cantiga
Que é o seu fado
E diz em tom plangente
Com orgulho e altivez
Que o mais valente
E diz em tom plangente
Com orgulho e altivez
Que o mais valente
É o soldado português
- - -
Soldado que vais para a guerra
Ao deixares a tua terra
E o cantinho do teu lar
Quantas mágoas te consomem
Não choras porque és um homem
E é feio um homem chorar
Ao deixares a tua terra
E o cantinho do teu lar
Quantas mágoas te consomem
Não choras porque és um homem
E é feio um homem chorar
Por isso a guitarra amiga
Nunca abandona o soldado
Transforma a dor em cantiga
Que é o seu fado
E diz em tom plangente
Com orgulho e altivez
Que o mais valente
E diz em tom plangente
Com orgulho e altivez
Que o mais valente
É o soldado português
Quando à noite na caserna
À luz triste da lanterna
N’essa meia claridade
Parece uma voz distante
Um segredo d’uma amante
O carpir de uma saudade
Tu foste, ó guitarra qu’rida
Quem inspirou o soldado
A dar pela Pátria a vida
Quando à noite na caserna
À luz triste da lanterna
N’essa meia claridade
Parece uma voz distante
Um segredo d’uma amante
O carpir de uma saudade
Tu foste, ó guitarra qu’rida
Quem inspirou o soldado
A dar pela Pátria a vida
Que é o teu fado
E nas horas de incerteza
Minha doce companheira
Tu és o hino
E nas horas de incerteza
Minha doce companheira
Tu és o hino
És a bandeira Portuguesa
Entre duas guerras mundiais, sem se saber que a Segunda vinha a caminho
Entre duas guerras mundiais, sem se saber que a Segunda vinha a caminho
e quando se dizia, da Primeira, que iria «acabar com todas as guerras»
não é de crer que este fado fosse de mentalização dos mancebos que
acabaram por não alinhar no segundo conflito.
Antes seria uma glorificação da condição militar, uma homenagem retroativa
ao Corpo Expedicionário Português, regressado da Flandres sete anos antes.
Glorificação, sobretudo, da nossa guitarra, aqui evocada como mitigadora
das agruras do militar em campanha, elevadora do moral das tropas e
até alcandorada a duplo símbolo da Pátria: o hino e a bandeira nacionais
(há liberdades poéticas que se toleram pela sentimentalidade inerente
ao Fado e como exemplo de hipérbole).