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Babel e Sião

Luiz Vaz de Camões / João Braga
Repertório de João Braga

Sôbolos rios que vão
Por Babilónia, me achei
Onde sentado chorei
As lembranças de Sião
E quanto nela passei

Ali, o rio corrente 
De meus olhos foi manado
E, tudo bem comparado 
Babilónia ao mal presente
Sião ao tempo passado

Ali, lembranças contentes 
Na alma se representaram
E minhas cousas ausentes 
Se fizeram tão presentes
Como se nunca passaram

Ali, depois de acordado 
C’o rosto banhado em água
Deste sonho imaginado 
Vi que todo o bem passado
Não é gosto, mas é mágoa

E vi que todos os danos 
Se causavam das mudanças
E as mudanças dos anos 
Onde vi quantos enganos
Faz o tempo às esperanças

Vi aquilo que mais vale 
Que então se entende melhor
Quanto mais perdido for 
Vi ao bem suceder mal
E, ao mal, muito pior

Aquele instrumento ledo 
Deixei da vida passada
Dizendo: música amada 
Deixo-vos neste arvoredo
À memória consagrada

Que não parece razão 
Nem parece cousa idónea
Por abrandar a paixão 
Que cantasse em Babilónia
As cantigas de Sião