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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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7090 LETRAS <> 3.082.000 VISITAS em FEVEREIRO 2024

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Lisboa à noite

Fernando Santos / Carlos Dias
Versão do repertório de Fernanda Maria
Criação de Milú na revista *Não faças ondas*
Teatro Maria Vitória em 1956
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*

Lisboa adormeceu, já se acenderam
Mil velas, nos altares das colinas
Guitarras pouco a pouco emudeceram
Cerraram-se as janelas pequeninas


Lisboa dorme um sono repousado
Nos braços voluptuosos do seu Tejo
Cobriu-a a colcha azul do céu estrelado
E a brisa veio a medo, dar-lhe um beijo


Lisboa...
Andou de lado em lado
Foi ver uma toirada

Depois bailou, bebeu
Lisboa...

Ouviu cantar o fado
Rompia a madrugada

Quando ela adormeceu

Lisboa não parou a noite inteira
Boémia, estouvada, mas bairrista
Foi à sardinha assada lá na feira
E à segunda sessão duma revista


Dali, p'ró Bairro Alto, enfim galgou
No céu, a lua cheia refulgia
Ouviu cantar o fado e então sonhou
Que era a saudade aquela voz que ouvia

Outro ex-libris do fado-canção, num eloquente exemplo de que fado e 
marchas populares se confundem no imaginário lisboeta. 
Estamos perante uma nítida marcha popular, lançada pela voz de uma 
cançonetista e não de uma fadista, nem sequer muito dotada vocalmente
embora lhe sobrassem outros dotes físicos que terão ajudado à projeção
que teve como atriz de cinema e de revista. 
Outras vozes de maiores textura e capacidade estilística no verdadeiro
Fado asseguraram a permanência desta peça no repertório das casas típicas
da capital e não só, como Adelina Silva, Deolinda Rodrigues, Amália Rodrigues
Maria Armanda, Tony de Matos, Maria de Fátima, Maria Girão, Kátia Guerreiro.
Até fora do Fado, vozes consagradas não hesitaram em incluir este trecho no seu repertório
discográfico como Francisco José, Madalena Iglésias, Fernando Tordo e Carlos Mendes.
Fernanda Maria foi proprietária da casa típica «Lisboa à Noite»
onde durante muitos anos cantou, todas as noites, este fado-marcha.
Ainda hoje, uma multidão de profissionais e amadores não resiste ao fascínio
desta peça. 
Fernando Santos e Carlos Dias mereceram-no inteiramente.