Repertório
de Filomeno Silva
Na
velha praia do tempo
Há
uma onda feroz
Que
teima em não desmaiar
A
voz soberba do vento
Nem
sequer chega a ser voz
É
apenas suspirar
As
areias são o chão
Aonde
irá repousar
A
memória duma vida
Há
uma velha embarcação
Que
teima em não flutuar
Na
onda desfalecida
A
noite vem, lentamente
Trazer
a luz natural
Que
antecede a madrugada
Há
um brilho diferente
Que
nos diz que o vendaval
Vai
chegar, não tarda nada
Enquanto
o luar perdura
Uma
onda caprichosa
Enfrenta
a fúria do mar
Uma
noite, mesmo escura
Tem
a cor harmoniosa
Que
a vida lhe soube dar