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As 7.565 letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os criadores dos temas aqui apresentados.
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Tenho vindo a publicar letras (de autores que já partiram) sem indicação de intérpretes ou compositores na esperança de obter informações detalhadas sobre os temas.
<> 7.565 LETRAS <> 3.606.000 VISITAS <> NOVEMBRO 2024 <>
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Fado do regresso

Daniel Gouveia / Júlio Proença *fado esmeraldinha*
Repertório de Daniel Gouveia

Três batalhões de gente… tantos corpos
Tanta carne embarcada num navio
Tantos sonhos sonhados, adiados
Num cais que amanhã estará vazio

Três batalhões de gente na amurada
Um barco a adernar de mágoa e fé
Tanto adeus já saudade desesperada
Pingada sobre as tábuas do convés

Três batalhões de gente separada,
Espalhada por matas e capim
Tanta poça vermelha semeada
Tanto sonho que já não chega ao fim

Mas há sonhos sonhados acordado
Coisas que os batalhões nunca sentiram
Senão ao ver um dia, da amurada
Esta encostar-se ao cais donde partiram
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Escrito no dia seguinte a ter ido socorrer, com o grupo-de-combate que comandei, outro 
que fora emboscado na picada Tomboco-Lufico (Norte de Angola) e ter trazido de volta 
os corpos de 7 camaradas mortos, entre eles o do Alferes comandante, meu igual 
em posto e funções.
Ainda faltava um ano e meio para acabar a comissão, pelo que eu próprio não sabia 
se regressaria.
Esta letra, cantada por mim e acompanhada à guitarra por Manuel Domingos e à viola 
por António Queiroz, foi aproveitada por Joaquim Furtado para a série 
«A Guerra» (RTP1, 2009), tendo rematado o 14.º episódio da 2.ª série
com supressão da 2.ª estrofe, por limitações de tempo.