Repertório
de Celeste Rodrigues
Alfama
não envelhece
E
hoje parece mais nova ainda
Iluminou
a janela
Reparem
nela como está linda
Vestiu
a blusa clarinha
Que
a da vizinha é mais modesta
E
pôs a saia garrida
Que
só é vestida nos dias de festa
Becos escadinhas
Ruas estreitinhas
Onde a cada esquina há um bailarico
Trovas nas vielas
E em todas elas
Perfumes de manjerico
Gritos, gargalhadas
Fados,
desgarradas
Hoje em Alfama é o demónio
E a cada canto
O suave encanto
Dum trono de Santo António
Já
se não ouvem cantigas
E
as raparigas de olhos cansados
Ainda
aproveitam o ensejo
De
mais um beijo dos namorados
Já
se ouvem sinos tocando
Galos
cantando à desgarrada
Mas
mesmo assim dona Alfama
Não
vai para a cama sem ser madrugada