Repertório de Amália
Este trecho foi uma criação de Amália Rodrigues que, todavia
só cantou metade da composição, talvez por esta ser demasiado
extensa, quiçá por opção.
Parte do texto nunca gravado
Injustiça, respondeu o vinho
Certo é que assim foi repetida por todos os intérpretes que se lhe seguiram.
A segunda metade da pouca gente a conhece, embora figure na Declaração
de Obra entregue em 1970.
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Livro *Poetas Populares do Fado-Canção*
Oiça lá ó senhor vinho
Vai responder-me, mas com franqueza
Porque é que tira toda a firmeza
A quem encontra no seu caminho;
Lá por beber um copinho a mais
Até pessoas pacatas
Amigo vinho em desalinho
Vossa mercê faz andar de gatas
É mau procedimento
E há intenção naquilo que faz
Entra-se em desequilíbrio
Não há equilíbrio que seja capaz;
As leis da física falham
E a vertical em qualquer lugar
Oscila sem se deter
E deixa de ser perpendicular
Eu já fui, responde o vinho:
A folha solta a gritar ao vento
Fui raio de sol sobre o firmamento
E trouxe á uva doce carinho;
Ainda guardo o calor do sol
E assim eu até dou vida
Aumento o valor seja de quem for
Na boa conta, peso e medida
E só faço mal a quem me julga
Ninguém faz pouco de mim
Quem me trata como água
É ofensa!... paga-a!... eu cá sou assim;
Vossa mercê tem razão
É ingratidão falar mal do vinho
E a provar o que digo
Vamos meu amigo a mais um copinho
Vai responder-me, mas com franqueza
Porque é que tira toda a firmeza
A quem encontra no seu caminho;
Lá por beber um copinho a mais
Até pessoas pacatas
Amigo vinho em desalinho
Vossa mercê faz andar de gatas
É mau procedimento
E há intenção naquilo que faz
Entra-se em desequilíbrio
Não há equilíbrio que seja capaz;
As leis da física falham
E a vertical em qualquer lugar
Oscila sem se deter
E deixa de ser perpendicular
Eu já fui, responde o vinho:
A folha solta a gritar ao vento
Fui raio de sol sobre o firmamento
E trouxe á uva doce carinho;
Ainda guardo o calor do sol
E assim eu até dou vida
Aumento o valor seja de quem for
Na boa conta, peso e medida
E só faço mal a quem me julga
Ninguém faz pouco de mim
Quem me trata como água
É ofensa!... paga-a!... eu cá sou assim;
Vossa mercê tem razão
É ingratidão falar mal do vinho
E a provar o que digo
Vamos meu amigo a mais um copinho
Injustiça, respondeu o vinho
Eu pago tudo sozinho
Tantos perdidos pela bebida
Sem ter na vida provado vinho
Tomam bebidas estrangeiras
E mais ruins que ninguém as traga
A coisa aquece e fica afinada
Mas se há trapalhada o vinho é que paga
Isto está mais do que errado
Eu sou difamado, é mais que certinho
Até calda de tomate
Se der disparate, dizem: foi o vinho
E ninguém pensa nas penas
De quem nesta vida já não tem carinho
E que eu torno mais pequenas
Ao fazer apenas esquecer no vinho
Tantos perdidos pela bebida
Sem ter na vida provado vinho
Tomam bebidas estrangeiras
E mais ruins que ninguém as traga
A coisa aquece e fica afinada
Mas se há trapalhada o vinho é que paga
Isto está mais do que errado
Eu sou difamado, é mais que certinho
Até calda de tomate
Se der disparate, dizem: foi o vinho
E ninguém pensa nas penas
De quem nesta vida já não tem carinho
E que eu torno mais pequenas
Ao fazer apenas esquecer no vinho