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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Alfama

Letra de Henrique Rego
Desconheço se esta letra foi gravada
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível

Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado Letra
Publicada no jornal Ecos de Portugal em 1953


Minha Alfama das vielas
Aonde o labor se abriga
És um alvo de aguarelas
Da nossa Lisboa antiga


Tuas ruas sinuosas
São, numa paz desmedida
Colmeias laboriosas
A latejarem de vida;
Os teus becos, sem saída
Com pitorescas janelas
São incomparáveis telas
Dum passado que se encobre;
És velhinha, honesta e pobre
Minha Alfama das vielas

Como outrora os cavaleiros
Defendiam sua dama
Serei sempre um dos primeiros
A defender minha Alfama;
Neste bairro brilha a chama
Que, sempre, sempre, me obriga
E, talvez, nunca consiga
A ser mais do que devoto;
Por este bairro remoto
Aonde o labor se abriga

Santa Luzia proteja
Este burgo envelhecido
Que a toda a hora lhe beija
A orla do seu vestido;
Eu, que tenho percorrido
De Alfama as pobres ruelas
Digo, pondo os olhos nelas
E o meu pensar a distância;
Alfama da minha infância
És um alvo de aguarelas

A desfiar seus desgostos
Há longos anos a vejo
Enlevada, de olhos postos
Nas verdes águas do Tejo;
Nesta vida o que desejo
Dum olhar de rapariga
Era pôr numa cantiga
Toda a gratidão que devo;
A este bairro de enlevo
Da nossa Lisboa antiga