Letra e música de José Gonçalez
Repertório do autor com Vitorino
Trago aqui
Amarrada na garganta
A saudade que desponta
Dessa lonjura de ti
Este meu canto
Que me deixa a alma nua
Tem a dor que se insinua
Por viver longe de ti
Meu Alentejo
Quanta mágoa é desejo
P'ra deixar em cada beijo
Quando a voz se faz cantiga
E a primavera
Vai deixando sempre à espera
A papoila da quimera
Na planície mais antiga
Sobre o teu campo
Andam centos de pardais
A naufragar nos trigais
A roubar os grãos de trigo
E em cada sombra
Mora sempre um ar de festa
Que me envolve em cada sesta
E me faz sonhar contigo
Meu Alentejo
Morro sempre no teu beijo
Quando este se faz desejo
Na saudade que me invade
E o horizonte
Que se esconde atrás do monte
Adormece em cada fonte
Ao cair de cada tarde
Talvez nem saibas
A tristeza que adivinhas
Sempre que as andorinhas
Se despedem do teu sol
E p’lo montado
Ficam marcas do seu pranto
Que se vestem como canto
No trinar dum rouxinol
Meu Alentejo
Vou deixar este meu beijo
Como marca de desejo
Dos meus olhos feitos d’água
Talvez um dia
Possa ainda a alegria
Ser maior que a nostalgia
P’ra afogar a minha mágoa