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Avozinha

Henrique Rego / Alfredo Duarte *marceneiro*
Repertório de Alfredo Marceneiro

Ainda me lembro bem
Dessas noites invernosas 
Em que o vento sibilava
E das lendas amorosas
Que a minha avó que Deus tem 
Junto à lareira contava

Quando a feroz inverneira
Como se até nos infernos 
Rugia lá pelos montes
Ela aquecia os invernos
Que lhe pesavam nas frontes 
Indo sentar-se à lareira

Meiguices e seduções
P’ra minha avó se alegrar 
Eram certas como prendas
E tinha que me contar
As maravilhosas lendas 
Das mouriscas tradições

Então ela me contava
Contos feitos de paixões 
Com princesinhas formosas
Encantamentos de moiras
E de fontes preciosas 
Que davam ledos quebrantos
Enquanto que embevecido
Eu escutava os encantos 
Dessas lendas amorosas

Mas o conto mais dileto
E que mais beleza tinha 
P’ra meus sonhos joviais
Era o da terna avozinha
Que com beijos maternais
 Fora criando o seu neto

Tinha o conto semelhança
Ao acrisolado afeto 
Que minha alma gozava
Que eu, de gozo radiante
Solenemente escutava;
E hoje vivo sem desdém
Era o conto mais sentido
Que a minha avó que Deus tem 
Junto à lareira contava