Repertório de Júlio Peres
É como a lenha queimada
Dos velhos o coração
As cinzas são as saudades
Dos tempos que já lá vão
Quando o inverno da idade
Nossa cabeça embranquece
A gente julga que esquece
A gente julga que esquece
A risonha mocidade;
Mas envolvida em saudade
Mas envolvida em saudade
A nossa alma amargurada
É cinza quase apagada
É cinza quase apagada
De lareira crepitante;
E a mocidade distante
E a mocidade distante
É como a lenha queimada
Assim a vida decorre
Assim a vida decorre
Como esfera num declive
Nossa vida aos poucos morre
Nossa vida aos poucos morre
E a gente a pensar que vive;
Então dentro em nós revive
Então dentro em nós revive
Esta cruenta ambição
Voltar aos tempos de então
Voltar aos tempos de então
Voltar a ter mocidade
E é quando a tristeza invade
E é quando a tristeza invade
Dos velhos, o coração
Então a vida anoitece
Então a vida anoitece
Triste, gélida, sem luz
E é bem mais pesada a cruz
E é bem mais pesada a cruz
Que a gente arrastar parece;
Uma lágrima aparece
Uma lágrima aparece
Saída do coração
Rosa de orvalho em botão
Rosa de orvalho em botão
Que as nossas faces invade;
Cai e junta-se à saudade
Cai e junta-se à saudade
Dos tempos que já lá vão