De Jorge Rosa
Desconheço se algumas destas quadras foram gravadas.
Transcrevo-a na esperança de obter informação credível
Letra transcrita do livro editado pela Academia da Guitarra e do Fado
Se alguém pudesse juntar
Pelo céu, estrelas aos molhos
Não arranjava brilhar
Que ofuscasse o dos teus olhos
P’ra jogares com o coração
Tens fortuna e tens beleza
Com esses trunfos na mão
Ganhas com toda a certeza
Com o Ás de Copas, cuidado
Se o jogares, toma atenção
Dá sempre mau resultado
Pôr em jogo um coração
Por causa duns negros olhos
Por causa dum negro olhar
Andam meus dias mais negros
Que uma noite sem luar
Gosto da noite sem lua
Gosto da noite sem nada
Triste, negra, fria e nua
Como a minh’alma penada
Nunca entendi na verdade
O que vale essa afeição
Não sei se amor, se amizade
Piedade ou gratidão
Repara, não há diferença
No peso do nosso amar
Pesa-te tanto a indiferença
Como pesa o meu gostar
Quis mandar-te novidades
Escrever-te notícias minhas
Mas na carta, só saudades
Encheram todas as linhas
Estrelas de longe, luzentes
Se ao meu bem o pranto ouvistes
Secai os seus olhos tristes
Que eu não sei fazer contentes
Se a tristeza que há no mundo
Se juntasse, com certeza
Não era maior tristeza
Que a do meu penar profundo
Pois a dor em que me afundo
Na saudade foi acesa
Que não há, tenho a certeza!
Remédio p’ra mal tão fundo
Santo António de Lisboa
Dá despacho ao meu pedido
E arranja-me uma pessoa
A quem eu chame marido
Santo António e São João
Mais São Pedro, quem diria
Os três de arquinho e balão
Transformam a noite em dia
Mês de Junho é mês de festa
Que em Lisboa não tem par
Não há festa como esta
P’ra Santo António louvar
Meu Santo, Santo Antoninho
Dá-me um milagre, por esmola
Faz com que cheguem cedinho
As férias grandes da escola