Repertório de Sónia Santos
Cruzo o meu xaile sobre o peito, em devoção
Como fosse uma oração que vou rezar
E nos cadilhos, nervosos dedos enleio
Apenas pelo receio de me enganar
E nos cadilhos, nervosos dedos enleio
Apenas pelo receio de me enganar
De não saber de cor, este fado-reza
Porque a alma me represa, mas com decoro
Atiro a voz, para aos céus poder chegar
Para Deus me ouvir cantar
Quase num choro
Porque a alma me represa, mas com decoro
Atiro a voz, para aos céus poder chegar
Para Deus me ouvir cantar
Quase num choro
Este fado que choro a cantar
Tem o seu altar e um sacrário antigo
Num lugar onde almas dispersas
Abaixam conversas p’ra rezar comigo
Fecho os olhos e saio de mim
E esta fé sem fim a voz me conquista
É assim, por virtude, ou pecado
Que faço do fado oração fadista
Quase que queria pôr meu xaile nos cabelos
Como um véu e com desvelos orar meu fado
E que esses versos fossem contas dum rosário
A guitarra, um relicário abençoado
Como um véu e com desvelos orar meu fado
E que esses versos fossem contas dum rosário
A guitarra, um relicário abençoado
Deus me perdoe de lhe esmolar um perdão
De atrever uma oração desta maneira
Mas a cantar sinto melhor o que digo
Creio não merecer castigo, assim Deus queira
De atrever uma oração desta maneira
Mas a cantar sinto melhor o que digo
Creio não merecer castigo, assim Deus queira