Repertório de Deolinda de Jesus
Barco à deriva no rio
Deixa na alma este frio
E um desespero profundo
Num risco de raiva e medo
Cantei amor em segredo
Na demência deste mundo
Dissimulada loucura
Que no meu olhar procura
A força com que me dei
Aos meus dias mais tristonhos
Guardando todos os sonhos
Aos meus dias mais tristonhos
Guardando todos os sonhos
Nos poemas que inventei
E os meus sentidos imersos
Foram rasgando os meus versos
E os meus sentidos imersos
Foram rasgando os meus versos
Nas margens da minha vida
E em cada hora de engano
De um rio fiz oceano
E em cada hora de engano
De um rio fiz oceano
Com ondas em fim de vida
Esta dor que me inquieta
Vem da alma de um poeta
Esta dor que me inquieta
Vem da alma de um poeta
Que dá vida a qualquer tema
Eu sou grito que desperta
Sou quem deixa a porta aberta
Eu sou grito que desperta
Sou quem deixa a porta aberta
Para entrar qualquer poema