Repertório de Raúl Solnado
Fui num domingo a Cacilhas
Mais o Chico Maravilhas
Comer uma caldeirada
A gente não nada em taco
Mas vai dando pró tabaco
E p'ra regar a salada
É porque isto é mesmo assim
A gente morre e o pilim
Não vai p'rá cova co'a gente
E antes gastá-lo no tacho
Do que na farmácia, eu acho
Isto é que é principalmente
Terminada a refeição
Ao entrar na embarcação
Começou a grande espiga
Um mangas abriu o bico
Pôs-se a mandar vir com o Chico
E o Chico arriou a giga
Eu p'ra acalmar a tormenta
Ainda disse; oh Chico "auguenta"
Mas o mangas insistiu
E o Chico sem intenção
Deu-lhe um ligeiro encontrão
Atirou c'o tipo ao rio
Um sócio de outro meco
Quis-se armar em malandreco
A gente já estava quentes
Veio p'ra mim desnorteado
Eu dei-lhe c'o penteado
E pu-lo a cuspir os dentes
Veio outro, veio outra ideia
De cernelha e plateia
Mais outro, fui-lhe ao focinho
E o Chico pelo seu lado
Só para não ficar parado
Aviou quatro sózinho
Fez-se uma grande molhada
Desatou tudo à estalada
Eu e o Chico no centro
Daquela calamidade
Apareceu a autoridade
E meteu-nos todos dentro
Não tenho vida para isto
E de futuro desisto
De me meter noutra alhada
Nunca mais vou a Cacilhas
Mais o Chico Maravilhas
Comer uma caldeirada