Repertório
de Marina Mota
Da
revista *A prova dos novos* 1988
Desta
janela eu posso ver a terra inteira
E a minha rua só acaba se eu quiser
Parto num sonho co’a saudade à cabeceira
E quando acordo outra manhã se fez mulher
E um turbilhão de ideias loucas me devora
Quando me perco meio tonto em teu olhar
Quando me encontro no teu grito que demora
Então eu sei que a hora é certa de te amar
Voo, sobre o céu de Lisboa
Mas não vejo fragatas
E a minha rua só acaba se eu quiser
Parto num sonho co’a saudade à cabeceira
E quando acordo outra manhã se fez mulher
E um turbilhão de ideias loucas me devora
Quando me perco meio tonto em teu olhar
Quando me encontro no teu grito que demora
Então eu sei que a hora é certa de te amar
Voo, sobre o céu de Lisboa
Mas não vejo fragatas
Entre os braços do Tejo
Sonho, mas já não há canoas
Nem varinas gaiatas
Sonho, mas já não há canoas
Nem varinas gaiatas
A quem roubar um beijo
Olho, vejo arcadas vazias
Onde falta o Pessoa
O Cesário e o Botto
Lembro, junto ao cais melodias
Que embalavam Lisboa
E recordam Lisboa
Lembro, junto ao cais melodias
Que embalavam Lisboa
E recordam Lisboa
Anda eu era garoto
Duas colunas a um passo do Castelo
E um Terreiro onde moraram ilusões
Gatos vadios ainda se batem em duelo
Sob o olhar da velha estátua do Camões
Num golpe de asa raso o cimo do Convento
Cruzo a Avenida, esqueço a sede no Rossio
Um cacilheiro rasga as águas num lamento
E a noite aos poucos vem deitar-se com o rio