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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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Lisboa que amanhece

Letra e musica de Sérgio Godinho
Versão de Carlos do Carmo

Cansados vão os corpos para casa 
Dos ritmos imitados de outra dança 
A noite finge ser 
Ainda uma criança de olhos na lua 
Co'a sua cegueira da razão e do desejo 

A noite é cega e as sombras de Lisboa
São da cidade branca a escura face
Lisboa é mãe solteira
Amou como se fosse a mais indefesa princesa
Que as trevas algum dia coroaram 

Não sei se dura sempre esse teu beijo
Ou apenas o que resta desta noite
O vento, enfim, parou
Já mal o vejo por sobre o Tejo
E já tudo pode ser tudo aquilo que parece
Na Lisboa que amanhece

O Tejo que reflete o dia à solta
À noite é prisioneiro dos olhares 
Aos Cais dos Miradoiros 
Vão chegando dos bares os navegantes 
Amantes das teias 
Que o amor e o fumo tecem 

E o Necas que julgou que era cantora
Que as dádivas da noite são eternas 
Mal chega a madrugada 
Tem que rapar as pernas para que o dia 
Não traia Dietriches 
Que não foram nem Marlénes 

Em sonhos, é sabido, não se morre
Aliás... essa é a única vantagem
De após o vão trabalho o povo ir de viagem
Ao sono fundo, fecundo
Em glórias e terrores e aventuras 

E ai de quem acorda estremunhado 
Espreitando p'la fresta a ver se é dia
Ai essas ansiedades 
Ditam sentenças friamente, ao ouvido
Ruído que a noite a seu costume transfigura