Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-tardicional*
Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informaçâo credivel
Quando a aranha pilha a mosca
A mata sem compaixão
Teus cabelos são a teia
A mosca o meu coração
Pode um só olhar prender
Uma existência inteira
E sendo teu, feiticeira
E sendo teu, feiticeira
Jamais se pode esquecer
Que me importava viver
Que me importava viver
Em uma cabana tosca
Onde a luz é tíbia e fosca
Onde a luz é tíbia e fosca
Só pensando em teu olhar
Que amiúde vem lembrar
Quando a aranha pilha a mosca
És a aranha insidiosa
Que amiúde vem lembrar
Quando a aranha pilha a mosca
És a aranha insidiosa
Eu a mosca paciente
Que tu matas, lentamente
Que tu matas, lentamente
Como o calor mata a rosa
Só uma mulher formosa
Só uma mulher formosa
Tem esse etéreo condão
Mas não sei qual a razão
Mas não sei qual a razão
Por que roubas-me o repouso
Como esse insecto maldoso
A mata sem compaixão
Mas à flama desse olhar
Como esse insecto maldoso
A mata sem compaixão
Mas à flama desse olhar
Que me importava morrer
Se há-de ser doce o sofrer
Se há-de ser doce o sofrer
E meigo o supliciar
Vem esta vida arrancar
Vem esta vida arrancar
Ó minha louca sereia
Como a aranha a mosca enleia
Como a aranha a mosca enleia
Vem-me também enlear
Que p’ra mais rigor lhe dar
Teus cabelos são a teia
Demais que me importa a morte
Que p’ra mais rigor lhe dar
Teus cabelos são a teia
Demais que me importa a morte
Se a vida é um só momento
E ela põe fim ao tormento
E ela põe fim ao tormento
Nesse seu tão fatal corte
Se quer o meu fado, ou sorte
Se quer o meu fado, ou sorte
Que eu pereça à tua mão
Fere, sem hesitação
Fere, sem hesitação
Tal golpe ninguém sustenha
Pois teu olhar é a aranha
A mosca o meu coração
Pois teu olhar é a aranha
A mosca o meu coração