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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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O teu olhar

Mote de Lopes Mendonça / Glosa de Carlos Harrington
Informação de Francisco Mendes e Daniel Gouveia
Livro *Poetas Populares do Fado-tardicional*

Desconheço se esta letra foi gravada.
Transcrevo-a na esperança de obter informaçâo credivel


Quando a aranha pilha a mosca
A mata sem compaixão
Teus cabelos são a teia
A mosca o meu coração


Pode um só olhar prender 
Uma existência inteira
E sendo teu, feiticeira 
Jamais se pode esquecer
Que me importava viver 
Em uma cabana tosca
Onde a luz é tíbia e fosca 
Só pensando em teu olhar
Que amiúde vem lembrar
Quando a aranha pilha a mosca

És a aranha insidiosa 
Eu a mosca paciente
Que tu matas, lentamente 
Como o calor mata a rosa
Só uma mulher formosa 
Tem esse etéreo condão
Mas não sei qual a razão 
Por que roubas-me o repouso
Como esse insecto maldoso
A mata sem compaixão

Mas à flama desse olhar 
Que me importava morrer
Se há-de ser doce o sofrer 
E meigo o supliciar
Vem esta vida arrancar 
Ó minha louca sereia
Como a aranha a mosca enleia 
Vem-me também enlear
Que p’ra mais rigor lhe dar
Teus cabelos são a teia

Demais que me importa a morte 
Se a vida é um só momento
E ela põe fim ao tormento 
Nesse seu tão fatal corte
Se quer o meu fado, ou sorte 
Que eu pereça à tua mão
Fere, sem hesitação 
Tal golpe ninguém sustenha
Pois teu olhar é a aranha
A mosca o meu coração